sexta-feira, 30 de julho de 2010

Familias fazem manifestação contra impunidade na morte de jovens



Cerca de 20 pessoas reuniram-se na manhã desta sexta-feira, dia 30, na Avenida beira Mar, em protesto contra a impunidade que cerca o caso do acidente ocorrido na via, no último mês de junho e que resultou na morte de duas pessoas.

Empunhando faixas com frases de pedido de justiça, o grupo de manifestantes era formado pelos familiares e amigos de Carlos Alberto Abrante Júnior e Francisco Alfredo Beleza. Os dois foram mortos na noite do último dia 22 de junho quando seguiam de moto pela Avenida Beira Mar, no sentido centro e foram atingidos por um veículo, dirigido por um homem identificado por José Werlen, que vinha do bairro do São Francisco em alta velocidade.

O pai de Francisco Alfredo, Francisco Beleza Sousa, de 52 anos, contou que a violência da batida foi tão grande que os dois rapazes foram jogados a metros de distância e o motorista teria atravessado toda a via e quase batido no muro de uma casa do outro lado da avenida. “Além de ele estar em alta velocidade e com os faróis apagados, ainda foi constatado que estava muito bêbado. O teste do bafômetro acusou 38 % de álcool no sangue dele”, relatou revoltado.

Apesar de todos os fatos apontarem para um acidente criminoso, o pai da vítima denuncia que a delegada que estava de plantão no Plantão Central da Reffesa teria liberado o acusado ainda na noite do acidente, o que tirou a possibilidade de autuação em flagrante.

A mãe de Francisco Alfredo relatou em detalhes o que aconteceu após o acidente. “O policial que atendeu a ocorrência ainda levou o motorista para a delegacia, mas a delegada que estava de plantão o liberou depois que um coronel da polícia pediu. Esse coronel ainda me disse que a única coisa que eu podia fazer era receber o seguro DPVAT, pois acidente de trânsito não era crime”, contou.

A mãe de Carlos Alberto Abrante Júnior, a outra vítima do acidente, também demonstrou indignação com a impunidade do caso. Irene Cardoso, de 67 anos, disse que mesmo sabendo que o filho não pode voltar, quer que a justiça seja feita.

Além da instauração de processo contra o motorista envolvido no acidente, as duas famílias pedem ainda que a justiça investigue a delegada que não autuou o acusado em flagrante e o coronel que teria pedido a liberação do mesmo. “Eu peço apenas que a lei seja cumprida e os culpados paguem pelo que aconteceu com o meu filho. Já tem mais de um mês e a impunidade continua. Pedimos ao Ministério Público e a todos os órgãos competentes que não permita que esse caso caísse no esquecimento”, apela o pai de Francisco Alfredo.

Fazendo coro com as famílias das vítimas, Eduardo Gau, presidente do grupo de Bumba Meu Boi Mirantes da Ilha, do qual Francisco Alfredo era brincante, também pedia mais atenção das autoridades ao caso. Para ele, o jovem que era vaqueiro campeador do grupo do Residencial Pinheiros, era um exemplo de dedicação e teve a vida tirada brutalmente numa infração de trânsito criminosa.

O superintendente da Polícia Civil da capital, delegado Sebastião Uchoa, informou que terá que ouvir os familiares das vítimas para ter maiores detalhes da denúncia feita por eles contra a delegada que teria liberado o motorista envolvido no acidente. Ainda de acordo com o delegado, somente após ouvir os denunciantes é que a delegada será chamada e ouvida. Só então, o caso será encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil que investigará o caso.

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