sexta-feira, 26 de março de 2010

Casarões coloniais ameaçam cair no Centro Histórico da capital



Com a chegada de vez do período chuvoso á capital maranhense, o risco de desabamento dos prédios coloniais, que estão em péssimo estado de conservação, tornam-se cada vez maior e o medo de comerciantes e residentes da área histórica também.

O artesão Beto Duarte, de 28 anos, tem um comércio ao lado de um dos prédios com risco de desabamento na Rua do Giz. Ele fala sobre os prejuízos causados pelo prédio vizinho.

“A estrutura do prédio está cedendo e envergando para o lado do meu comércio. Além disso, a água da chuva infiltra pelas paredes e pelo teto e vaza para o meu prédio, me obrigando a fazer vários reparos”, queixa-se.

Duarte conta ainda que em todo período chuvoso uma parte interna do prédio desaba, assustando todos os comerciantes vizinhos.

“Por enquanto caíram apenas as paredes de dentro do prédio, quando cair a parte externa é que a tragédia vai ser grande”, alerta.

A situação do comerciante Francisco das Chagas Rêgo, de 60 anos, é bem mais preocupante. O restaurante dele localizado à Rua do Giz fica entre dois prédios que estão com a estrutura comprometida.

“Estou cercado de perigo pelos dois lados. O prédio da direita está todo danificado e o do lado esquerdo, além de estar com risco de desabar, também serve de esconderijo para assaltantes e usuários de drogas”, relata.

Na Rua João Vital de Matos, também conhecido como Beco da Pacotilha, um prédio abandonado há mais de dez anos também revolta e preocupa moradores e comerciantes.

Maria da Paz Campelo, de 53 anos, tem uma lanchonete ao lado do prédio há mais de sete anos e relata a “saga de destruição” do prédio.

“A cada período chuvoso cai alguma parte do prédio. Já caiu parede de dentro e de fora, reboco de todas as paredes e por último vem caindo parte do telhado, tendo inclusive atingido a minha lanchonete”, conta.

O diretor da União de Moradores do Centro Histórico de São Luis (UMCH-SL) Emílio Carlos Rêgo, de 47 anos, lamenta a situação dos casarões e pede mais comprometimento do poder publico na revitalização e conservação do conjunto arquitetônico.

“Moro e trabalho no Centro Histórico há 47 anos. Sou um apaixonado por esses prédios e fico triste quando os vejo esse abandono. Espero que haja um interesse maior por parte do poder público em revitalizar e conservar esses casarões que fazem parte de um patrimônio que não pertence mais somente a nós ludovicenses, mas a toda a humanidade”, relata emocionado.

Rêgo pede ainda o apoio do poder público aos trabalhadores e moradores do Centro Histórico e que estes estejam envolvidos nas ações desenvolvidas para as melhorias na área.

A superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéia, informou que a maioria dos prédios abandonados no Centro Históricos é de propriedade particular, o que dificulta a ação do órgão. Ela frisa, porém, que o Iphan está em processo de restauração e entrega de alguns prédios.

Kátia Bogéia enfatiza ainda que o trabalho do Iphan é realizado de maneira preventiva o ano todo. A seis meses do período chuvoso esse trabalho é intensificado, no sentido de vistoriar todo conjunto arquitetônico do Centro Histórico.

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