sexta-feira, 11 de maio de 2012

Universitários ocupam campus e decretam greve geral na UFMA de São Bernardo


Universitários ocupam campus da UFMA
 “Como podemos em três anos de curso, sair habilitado para trabalhar em sete áreas de conhecimento, sendo que duas dessas áreas os alunos nunca tiveram e pelo visto não terão?”, indaga a universitária Nayhara Cinthya Soares, de 26 anos.

Nayhara, que cursa o 4º período do curso de Linguagens e Códigos, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus de São Bernardo a 370 km de São Luís, reclama do tempo de duração da sua licenciatura e da supressão das disciplinas Libras e Música, que, de acordo com a aluna deveria fazer parte de todos os períodos do curso. Entretanto, segundo ela, mesmo tendo passado mais da metade da licenciatura, as disciplinas nunca foram lecionadas.

A opinião da universitária é um dos motivos pelos quais, os alunos da UFMA, campus de São Bernardo, ocupam desde a última quarta-feira (9), as dependências do prédio da instituição.

A ocupação é parte das manifestações dos discentes que, desde a semana passada, deixaram de freqüentar as aulas e ameaçam entrar em greve caso suas reivindicações não sejam atendidas pela reitoria da UFMA. As principais reivindicações dos estudantes estão centradas na aprovação do Projeto Político Pedagógico (PPP).

A pauta de reivindicações tem ainda como pontos, a contratação de mais professores, melhorias no acervo da biblioteca da universidade, funcionamento dos laboratórios e internet e a garantia de que a segunda licenciatura, prevista no PPP, seja presencial em pelo menos uma disciplina de cada curso.

De acordo com o presidente do Diretório Acadêmico (DA) da UFMA de São Bernardo, Teonilson Moreno, os estudantes só deixarão a sede do campus, quando suas reivindicações forem atendidas.

Moreno, que também é o coordenador do comando da manifestação, disse que os universitários se revezam na ocupação do campus, formando duas equipes. Uma fica responsável pela tarde e outra pela parte da noite.

Atualmente o campus de São Bernardo oferece três licenciaturas interdisciplinares: Ciências Humanas (abrangendo História, Geografia, Filosofia e Sociologia), Ciências Naturais (Matemática, Química, Física e Biologia) e Linguagens e Códigos (Português, Artes, Inglês, Espanhol, Música e Informática).

O estudante Helilton Belfort, de 32 anos, está no 3º período do curso de Ciências Naturais. Para ele, a principal dificuldade estar relacionada ao não funcionamento do laboratório, o que facilitaria em muito um melhor aprendizado dos assuntos abordados no decorrer do curso.

“Para se estudar ciência é de vital importância que tenhamos um laboratório, onde poderemos aprender na prática o que vemos teoricamente na sala de aula. Não tem sentido um curso de Ciências Naturais se não há laboratórios para praticarmos ciência”, reclama ele.

Seminários 

O Projeto Político Pedagógico inicial previa uma formação de três anos, onde o aluno estaria apto para ministrar aulas nas séries finais do ensino fundamental, e uma segunda licenciatura de um ano para dar aulas também no ensino médio. No entanto foram detectadas várias deficiências no projeto, entre elas a falta de uma grade curricular mínima, incoerências em relação à LDB, critérios mal definidos para avaliação dos alunos.

De acordo com os manifestantes, uma vez tomada a consciência por parte do corpo docente dos campi do interior das irregularidades no PPP, os professores teriam levado a Pró-Reitoria de Ensino (Proen) a convocar e realizar o Primeiro Seminário de Acompanhamento Das Licenciaturas Interdisciplinares, que aconteceu na cidade de Codó, nos dias 26 e 27 de março. 

Neste primeiro seminário, teriam sido criadas comissões para refazer o PPP e acertar questões básicas como a inclusão das notas dos alunos no sistema da UFMA e criação de grades curriculares para os cursos.

Entretanto, segundo eles, no Segundo Seminário que ocorreu em Bacabal, nos dias 3 e 4 de maio, a pró-reitoria da UFMA teria conseguido com que o corpo docente tornasse inválida a carta com as alterações do PPP, aprovada em Codó.

No seminário de Bacabal, a Proen teria mantido a proposta inicial de duração dos cursos, que é de formação interdisciplinar de três anos e uma segunda licenciatura de um ano com formação específica em uma disciplina. Os alunos de São Bernardo defendem um curso disciplinar de quatro anos com ênfase em uma disciplina, idéia que teria sido debatida e aprovada pelo corpo docente em Codó.

Na ocasião do seminário de Bacabal, um grupo de 35 estudantes teria ido a Bacabal para protestar contra a proposta da Pró-Reitoria. Mesmo assim, a idéia foi aprovada.

Na última segunda-feira (7), os alunos foram ao Campus vestidos de preto. Em forma de protesto, eles utilizaram as faixas que haviam levado para Bacabal e realizaram um enterro simbólico da educação prestada pela UFMA. Nesse mesmo dia os alunos resolveram manter a paralisação e acenar para a possibilidade de greve caso a UFMA não dialogue para atender suas reivindicações.

UFMA

A pró-reitora de ensino Sônia Almeida, informou a O Imparcial que desconhece as causas apresentadas pelos estudantes de São Bernardo para justificar a greve. De acordo com Sônia, os dois seminários foram realizados em menos de dois meses para que se pudesse dar uma resposta rápida às necessidades dos campi do interior. 

Ela disse ainda que as alterações no Projeto Político Pedagógico foram realizadas com a plena aprovação do corpo docente e que representantes dos universitários, de todos os campi do interior puderam também participar da discussão.

“Nessas reuniões realizados em Codó e Bacabal, trabalhamos na reescrita do Projeto Político Pedagógico. Uma proposta inovadora que está sendo construída com a participação dos professores e representantes do corpo discente. Dessa forma, não existe justificativa institucional para esse movimento em São Bernardo”, relatou a pró-reitora.

Sobre a reclamação dos alunos sobre o não funcionamento de laboratórios no campus de São Bernardo, Sônia Almeida informou que estão todos em funcionamento, além de estarem também passando continuamente por melhorias.

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