domingo, 13 de maio de 2012

Mãe-empresária: Maria de Nazaré lutou e venceu pelo futuro de seus filhos


“Hoje olho para tudo o que construí, penso nas dificuldades que passei, nos descréditos que tive e tenho a certeza: tudo valeu a pena! Valeu a pena inovar, valeu a pena arriscar e valeu a pena acreditar. Pois tudo isso foi por uma única causa: a educação e o bem-estar dos meus filhos”. A fala cheia de emoção e felicidade é da empresária ludovicense Maria de Nazaré Carvalho Nascimento, de 50 anos. Ela é proprietária do único ateliê especializado em confeccionar vestes e paramentos religiosos, utilizados nas missas e celebrações da Igreja Católica de São Luis.

Com sua determinação, força de vontade e iniciativa, Maria de Nazaré é exemplo de mãe que encontra força nas dificuldades em nome de proporcionar um futuro melhor para os filhos.

A empresária conta que tudo começou em 2002, quando ainda morando na cidade de Grajaú, a 555 km de São Luís, ela separou-se do marido. Com quatro filhos para criar, Nazaré resolveu vir embora para a capital, buscando uma melhor forma de sustentar a família. Como sair do interior do estado e vir morar na capital com quatro filhos sem nenhuma perspectiva de emprego não era tão simples assim, ela diz que resolveu trazer apenas dois filhos.

“A aventura de vir buscar algo melhor na capital era desafiadora, e muito difícil também. Tive que me separar de dois dos meus filhos por um tempo, até ter condições de estar com todos eles”, revela.

Chegando em São Luís, ela viu que a dificuldade em arrumar um emprego era muito grande. E então, o que fazer?

Nazaré então reacendeu um antigo sonho: montar um ateliê. Mas não poderia ser um ateliê comum. Deveria ter um diferencial, produzir algo que já não fosse produzido por muitos que existiam na cidade. Foi aí que ela resolveu arriscar em algo novo: a confecção de vestes e paramentos religiosos. A idéia partiu de um antigo ofício que havia aprendido inspirada nos tempos de estudante de um colégio de freira.

“Quando eu estudava no colégio de freiras, sempre olhava as vestes religiosas e dizia ‘quando eu crescer, vou fazer essas roupas’”, conta ela, lembrando o encantamento que tinha com os paramentos utilizadas pelas religiosas.

Após a separação, ainda em Grajaú, Nazaré vendeu um terreno que havia herdado do falecido pai e com o dinheiro comprou duas máquinas de costura, em que começou a colocar em prática o que havia aprendido em um curso de corte e costura anos antes. Com o incentivo de um primo padre e com as dicas de algumas freiras de uma igreja próxima da casa onde mora, iniciou a realização do sonho de confeccionar roupas para religiosos.

Chegando a São Luís, ela descobriu que aqui não existia nenhum ateliê especializado em confeccionar esse tipo de vestes. Morando no bairro do Parque Timbiras, ela resolve então iniciar seu empreendimento com as duas máquinas que havia trazido de Grajaú.

Como primeiro capital, a empresária utilizou parte do dinheiro que restou da venda do terreno herdado do pai. Entretanto, ela conta que houve dificuldades para a continuidade do negócio. Isso porque, no início, ainda não conseguia vender suas confecções a ponto de usar o lucro para comprar mais tecidos.

Segundo a empresária, esse foi mais um dos obstáculos que envolveram os filhos. Ela teve que economizar em algumas coisas para poder comprar o material que precisava para confeccionar as primeiras peças de seu ateliê.

“Tive que fazer um sacrifício em nome de um resultado maior. Tinha que cortar gastos para poder adquirir os tecidos e os cortes chegaram até a alimentação da casa. Meus filhos não chegaram a passar fome, mas diminuí as compras da dispensa. Isso foi recompensado depois. Quando o empreendimento passou a dar certo, alimentação passou a ser prioridade para mim e meus filhos”, relata.

Nazaré fala ainda sobre as dificuldades que teve que superar em relação a apoio e como consegui dar os primeiros rumo ao sucesso do empreendimento. “Bati em muitas portas e não consegui créditos para investir no meu ateliê. Então um dia tive uma idéia. Peguei o material que tinha, fiz algumas vestes e fiz uma exposição na minha casa. Algumas senhoras da igreja viram e comentaram com o então bispo de São Luís, Dom Paulo. Ele me convidou a fazer uma exposição numa sala da Igreja da Sé. Foi então que consegui mostrar o que eu sabia e iniciar meu negócio de vez.”, conta ela.

Após, essa exposição, o empreendimento começou a dar certo. Nazaré passou ainda três anos no Parque Timbiras e depois, conseguiu comprar algumas máquinas industriais e depois disso um ponto no Centro, onde aumentou sua produção e as vendas também.

Hoje, o ateliê de Maria de Nazaré ainda continua como o único que confecciona e vende as vestes e paramentos religiosos para toda São Luís e ainda vende para padres da Itália através da loja virtual que criou recentemente.

Orgulho e exemplo

Milena Cristina Nascimento, de 23 anos, é uma dos quatro filhos de Maria de Nazaré e uma das duas que teve que se separar da mãe, quando esta foi obrigada a vir para a capital em busca de um futuro melhor para a família.

Ela conta que trabalha com Nazaré desde que esta a trouxe de Grajaú para São Luís e acompanhou toda a luta da mãe para consolidar o ateliê e se diz orgulhosa da história de vida da mãe. “O sentimento que tenho hoje por ela é de orgulho. Ela é uma batalhadora e nosso maior exemplo. A determinação com que ela enfrentou as dificuldades fez com que não apenas o sonho dela se realizasse, mas todos os nossos também”, comenta.

Mesmo tendo se formado em Pedagogia, a filha revela que, tanto ela quanto os irmãos, pretendem dar continuidade ao empreendimento construído pela mãe. Além de Milena, mais dois filhos de Nazaré a auxiliam a seguir o empreendimento.

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