segunda-feira, 5 de abril de 2010

O desafio da acessibilidade para deficientes físicos em São Luis


Dez horas da manhã, o cadeirante Válber Nojosa, de 54 anos, aguarda o coletivo numa parada em frente ao Mercado Central, no Centro. Após esperar por quase meia hora, passa um coletivo adaptado para deficientes físicos.

Mesmo com a chegada do ônibus, os transtornos continuam para Válber. A primeira dificuldade é para o motorista conseguir operar o elevador para que o cadeirante suba ao veículo. O funcionário não conseguia baixar o elevador completamente, segundo ele, porque o equipamento havia “enguiçado”.

Passados mais de 20 minutos, o cadeirante consegue enfim entrar no ônibus, com a ajuda de outras pessoas que se encontravam na parada. Depois de se acomodar, Válber observa então a dificuldade do motorista para recolher o equipamento. Mais meia hora.

O motorista do coletivo da linha Santa Clara/João Paulo, da Viação Abreu não quis se identificar, mas disse que o equipamento havia enguiçado e que isso é comum acontecer.

Tudo isso até parece cena de alguma novela, mas é a mais pura realidade enfrentada por moradores da capital. Válber Nojosa é um dos mais de 200 mil deficientes físicos que convivem diariamente com as dificuldades na acessibilidade em São Luis.

E mesmo com esse número, somente 231 ônibus dos cerca de 1.000 que compõem a frota, estão preparados para receber quem usa cadeira de rodas.

O problema da capital maranhense tomou dimensão nacional após veiculação de uma reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, no domingo, 28 de março. Segundo a reportagem, São Luis tem o pior atendimento para cadeirantes, no que diz respeito ao transporte público. Além de São Luis, o teste foi realizado ainda no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Goiânia e São Paulo.

Barreiras de Atitude

Para o coordenador do Fórum Maranhense de Entidades de Pessoas com Deficiências e Patologias, Dylson Ramos, mais do que veículos adaptados, o que falta é atitude por parte do poder público em atender as entidades e movimento que lutam pela implementação de políticas públicas para as pessoas com deficiência.

“A discriminação maior são as barreiras de atitude. Adaptação de ônibus e de outros lugares para cadeirantes é uma obrigação do poder público e das empresas de transportes. No entanto, além de não cumprir essas exigências, ainda somos excluídos das discussões sobre essas garantias”, complementa o coordenador.

Ramos enfatiza que a responsabilidade pela adequação dos ônibus passa tanto pelo poder público quanto pelas empresas. A essas últimas compete, principalmente o treinamento dos funcionários para que saibam operar os equipamentos e atender bem os deficientes.

Ribamar Abreu, gerente da Viação Abreu, informou que dos oito ônibus que compõem a frota da empresa, dois são equipados com elevadores e que um treinamento foi solicitado junto ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luis (SET), mas que até o momento a solicitação não foi atendida.

Abreu informou ainda que a empresa está esperando a vinda de mais dois novos ônibus com previsão para chegada até maio e que os veículos já vem equipados com elevadores.

Tentamos falar com o superintendente do SET, Luis Cláudio Siqueira, para obter respostas acerca da solicitação das empresas para treinamento de funcionários que manuseiam os elevadores, porém fomos informados que o mesmo estava em reunião desde o início da manhã, assim ninguém foi encontrado para prestar esclarecimento.

2 comentários:

Toni Vaz disse...

Meus parabéns, caro Jornalista! Também sou cadeirante e sua atitude ajuda-nos muito nessa árdua luta de ser brasileiro. Obrigado pela força.
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Um forte abraço,
Toni Vaz

Unknown disse...

Bom dia, sou a Ráymora estou fazendo o curso de Comunicação Social/ hab. em jornalismo. Eu assisti a reportagem no programa Fantástico sobre os cadeirantes que precisar do transporte púbico para locomover é uma vergonha, principalmente na cidade do Maranhão as condições são précarias. Pensar é nessário na hora de votar. Essa reportagem é muito importante para mostrar ao país o desrespeito sobre as pessoas que são cadeirantes. Um abraço a todos cadeirantes.

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