quarta-feira, 28 de abril de 2010

Escola abandonada na Cidade Operária é frequentada por assaltantes e usuários drogas



Cinco salas, quadra esportiva e uma ampla área. Por essa descrição pode-se imaginar que o local em questão é um espaço educativo e cultural. Porém, no prédio localizado à Avenida 103, via principal da Cidade Operária, apenas um quadro-negro em uma das salas e o nome da escola lembram que um dia lá funcionou o Jardim de Infância Chico Bento.

Órgãos comunitários e moradores da Cidade Operária reclamam que o local, onde há cerca de cinco anos funcionava a escola infantil, está sendo frequentado por assaltantes e usuários de drogas. O medo dos moradores é maior porque o antigo jardim de infância fica ao lado de duas outras escolas, as Unidades Integradas Justino Pereira e João Pereira Martins Neto.

Mato e muita sujeira imperam na antiga escola. Devido ao abandono, toda a estrutura do prédio está se deteriorando. As paredes começaram a cair, grades estão enferrujadas ou quebradas, portas e janelas arrancadas. Um lamentável sinal do descaso.

O conselheiro tutelar Anderson Martins, de 26 anos, disse que o prédio já teria sido requisitado pelo Conselho Tutelar da Cidade Operária, junto à Secretaria de Estado da Educação (Seeduc) para ser utilizado como sede do conselho e até mesmo como local de atividades educativas e culturais para crianças, porém o pedido teria sido negado pela Seeduc.

“Estamos denunciando esse descaso porque o Conselho Tutelar é responsável também por elaborar ações que atendam a crianças e adolescentes do bairro. Nós temos projetos para a utilização do prédio, falta a Secretaria de Educação liberar o uso”, diz.

O conselheiro citou números de crianças e adolescentes em situação de risco no bairro da Cidade Operária para justificar a necessidade de um local que possibilite a prática de atividades educativas.

Ele frisou que um levantamento feito pelo Conselho Tutelar apontou que, atualmente, cerca de 50 crianças passam boa parte do tempo nas ruas do bairro desenvolvendo alguns pequenos trabalhos, como vigiar carros e bicicletas. Um dos locais onde mais se vê crianças e adolescentes trabalhando no bairro, segundo Anderson Martins, é na feira.

O feirante Antônio José Santos, de 26 anos, contou que é comum ver os menores nas proximidades do mercado ou mesmo no local ajudando pais e outros familiares.

“Conheço vários meninos que ficam aqui trabalhando, seja vigiando carros e bicicletas ou ajudando algum parente que trabalha na feira. Agora fico olhando esse colégio abandonado, quando poderia ser usado para oferecer alguma atividade para essas crianças. É uma falta de atenção do poder público”, comenta.

O também feirante Reinaldo Aguiar, de 30 anos, disse que muitos dos adolescentes e crianças que trabalham no local, o fazem porque precisam ajudar os pais na renda familiar.

“Eu tenho dois filhos, mas tenho como mantê-los na escola sem precisar que eles trabalhem. Mas me coloco no lugar dos pais desses meninos que ficam aqui pela feira. Sei que eles permitem que os filhos façam isso porque não há um local que ofereça atividade de lazer e educação para eles”, observou.


A Assessoria da Seeduc informou, por meio de Nota, que o orgão encaminhou ao Ministério Público um documento solicitando a transferência do prédio do Jardim de Infância Chico Bento à rede municipal de ensino, responsável pela oferta da educação infantil segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, entretanto, até o momento não recebeu nenhuma resposta.

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