Enade: Que prova é esta? Saiba mais sobre o exame que pode reprovar cursos superiores pelo MEC

Enade 2011 teve alta abstenção 

Uma das notícias mais comentadas no último mês na área da educação foi a punição com medida cautelar imposta pelo Ministério da Educação (MEC) a 60 faculdades que tiveram o Índice Geral de Cursos (IGC) abaixo de 1,45 em 2010 e conceitos insatisfatórios (1 e 2) nos dois anos anteriores. 

O IGC é uma nota de 0 a 5 atribuída à instituição durante o processo avaliativo do ministério. Ele engloba conceitos como infraestrutura e corpo docente, além do desempenho dos alunos no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).

Apesar de o Enade ser um dos critérios para a atribuição das notas do IGC, a última edição do exame registrou uma constante na aplicação do certame, a alta abstenção dos alunos convocados para fazer a prova.

O total de estudantes faltantes na prova do exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) edição de 2011 chegou a 19% de abstenção. O alto índice mostra que, mesmo depois de sete anos de tradição, a aplicação da prova ainda divide opiniões, seja pelo descrédito, ou pela falta de conhecimento acerca do exame.

Para o analista de sistemas, Waltton Clayton Santos Coelho, de 27 anos, que realizou o Enade em 2009, o exame serviu apenas para avaliar o que ele aprendeu durante o curso.

“Nunca soube para que servia mesmo o Enade. Essa avaliação a que me refiro é a minha. Com a prova pude ter uma noção do aprendizado adquirido ao longo do curso”, comenta.

Wallton diz ainda que não houve uma conscientização por parte da faculdade sobre a importância da realização do Enade, o que houve foi uma certa pressão, uma vez que faculdade informava que os alunos selecionados para o exame que não o fizesse, seria impedido de colar grau.

Diante disso, procuramos trazer respostas sobre essa, ainda por vezes desconhecida, mais importante prova. Para tanto, conversamos com o coordenador de Planejamento e Relações Institucionais da Faculdade São Luis, José dos Reis Chaves Rocha, que também é responsável pela campanha de conscientização dos acadêmicos acerca da prova.

Para o coordenador, a abstenção no Enade ocorre porque os alunos ainda não tomaram consciência da importância do exame para a sua vida acadêmica e pós-faculdade. A idéia que muitos deles ainda têm é que com um resultado ruim no Enade apenas a instituição de ensino perderá. Isso leva muitos a faltar ou a ter um desempenho ruim com a idéia de prejudicar a faculdade.

 “Você sai da faculdade, mas a faculdade não sai de você. Você vai levar para sempre o histórico da faculdade na sua vida profissional. Cada vez que apresentar seu currículum, lá vai estar o nome da faculdade. Quando te perguntarem em que instituição de ensino você se formou, lá estará novamente. Então querer prejudicar a sua faculdade é prejudicar o seu futuro profissional”, explica.

Ainda sobre a evasão na aplicação da prova do Enade, Reis Rocha diz que deve-se também pela falta de uma mobilização maior por parte das instituições de ensino, especialmente as públicas e isso é refletido nos números da abstenção que mostra um índice maior entre os estudantes de instituições públicas.